O ronco é um dos distúrbios do sono mais comuns e, apesar de muitas vezes ser tratado como uma questão simples ou até motivo de brincadeira, pode sinalizar alterações importantes na respiração noturna. Ele ocorre quando o ar encontra dificuldade para passar pelas vias aéreas durante o sono, provocando vibração dos tecidos da garganta. Entender o que é mito, o que é verdade e quais são as opções de tratamento é fundamental para evitar complicações e recuperar noites de descanso mais tranquilas e seguras.
Mitos comuns sobre o ronco
Um dos mitos mais frequentes é a ideia de que roncar é algo normal. Embora muita gente acredite nisso, o ronco nunca deve ser encarado como algo inofensivo. Ele pode indicar obstrução das vias aéreas, flacidez dos tecidos da garganta ou até alterações anatômicas que dificultam a passagem do ar. Outro mito é que apenas pessoas acima do peso roncam. O excesso de peso realmente aumenta o risco, já que a gordura ao redor do pescoço pode reduzir o espaço da via aérea, mas pessoas magras também podem roncar devido a fatores estruturais, alergias, desvio de septo ou problemas musculares.
Há também quem pense que roncar profundamente significa dormir bem, mas o oposto costuma acontecer. O ronco pode fragmentar o sono, levar a despertares frequentes e prejudicar a qualidade do descanso. Por fim, muita gente acredita que só homens roncam. Embora eles tenham maior predisposição, mulheres (especialmente após a menopausa) também podem apresentar o problema.
Verdades sobre o ronco
O ronco realmente pode ser um sinal de alerta para a apneia do sono, um distúrbio caracterizado por pausas repetidas na respiração durante a noite. Quando isso acontece, o oxigênio diminui, o coração trabalha mais e o corpo entra em estado de estresse. Além de sonolência diurna, irritabilidade e dificuldade de concentração, a apneia aumenta o risco de hipertensão, arritmias, doenças cardiovasculares e até acidentes relacionados à falta de atenção.
É verdade também que fatores como álcool, sedativos e noites mal dormidas pioram o ronco, porque relaxam excessivamente a musculatura da garganta. A posição em que a pessoa dorme influencia bastante: de barriga para cima, a língua tende a cair para trás e estreitar ainda mais a passagem do ar. Além disso, obstruções nasais causadas por rinite, sinusite ou desvio de septo são causas frequentes de ronco, pois obrigam o paciente a respirar pela boca.
Melhores opções de tratamento
O tratamento ideal depende da causa do ronco. Quando há obstruções nasais, o uso de medicamentos, lavagens nasais ou correção cirúrgica pode melhorar significativamente o quadro. Em casos de flacidez da garganta ou alterações musculares, exercícios para fortalecer a musculatura da língua e da faringe — conhecidos como terapia miofuncional — podem ser muito eficazes. A perda de peso é indicada quando o excesso de tecido no pescoço contribui para reduzir o espaço da via aérea.
Para pacientes com apneia do sono, o CPAP é uma das terapias mais eficientes. Ele funciona enviando um fluxo contínuo de ar, impedindo o colabamento da garganta. Em situações específicas, dispositivos intraorais confeccionados por especialistas também podem ajudar, reposicionando a mandíbula para facilitar a passagem do ar. Quando há alterações anatômicas mais importantes, como amígdalas muito aumentadas ou desvio de septo acentuado, a intervenção cirúrgica pode ser a melhor solução.
Conclusão
O ronco não deve ser ignorado. Ele pode parecer apenas um incômodo para quem dorme ao lado, mas muitas vezes é um sinal de um distúrbio respiratório que merece avaliação. Identificar a causa, separar mitos de fatos e buscar o tratamento adequado são passos essenciais para recuperar noites de sono mais tranquilas e proteger a saúde a longo prazo. Uma avaliação especializada é sempre o melhor caminho para entender o problema e definir a abordagem ideal.