A disfonia, popularmente conhecida como voz rouca, é uma alteração na qualidade vocal que afeta a clareza, o volume e o timbre da voz. Pode se manifestar como uma voz rouca, fraca, áspera, trêmula ou até acompanhada de cansaço ao falar. Essa condição costuma causar desconforto e pode prejudicar seriamente a comunicação e a autoestima de quem convive com ela.

Causas comuns da disfonia

A disfonia pode surgir por diversos motivos, e para entender melhor, ela costuma ser dividida em causas funcionais, orgânicas, neurológicas ou psicogênicas. As funcionais envolvem o uso exagerado ou inadequado da voz, como falar alto, gritar ou cantar sem técnica e preparo. Essas práticas, frequentes entre professores, palestrantes ou cantores, geram atrito nas cordas vocais e provocam rouquidão. Já as causas orgânicas são lesões nas cordas vocais, como nódulos, pólipos ou cistos, que alteram sua vibração. As causas neurológicas envolvem alterações no sistema nervoso que comprometem o controle dos movimentos vocais. E as causas psicogênicas estão ligadas a fatores emocionais como estresse e ansiedade.

Sintomas e impactos na saúde

A disfonia pode tornar a voz mais fraca ou “respirada”, gerar fadiga vocal, dificuldade para alcançar notas agudas, dor ou incômodo na região do pescoço e até redução do alcance vocal. Profissionais que dependem da voz, como professores ou cantores, podem sentir queda na performance, comprometendo sua atividade. Além disso, a disfonia prolongada pode prejudicar as relações sociais, o trabalho e gerar isolamento.

Como é feito o diagnóstico

O diagnóstico começa com uma avaliação clínica, seguida de exame físico e visualização das cordas vocais por laringoscopia ou nasofibrolaringoscopia, conforme indicado nos guidelines da American Academy of Otolaryngology–Head and Neck Surgery (AAO-HNS). Em alguns casos, estroboscopia é utilizada para analisar detalhes da vibração das cordas. Se a rouquidão persistir por mais de quatro semanas ou houver sintomas preocupantes, a avaliação rápida é essencial para descartar causas graves, como tumores.

Tratamentos disponíveis

Para casos causados por uso abusivo da voz – como os nódulos – a primeira abordagem é conservadora. Isso inclui repouso vocal, hidratação adequada, evitar ressecantes como álcool e cafeína, e terapia fonoaudiológica focada na técnica vocal. Estudos indicam que mais de 80% dos nódulos jovens se resolvem com essas medidas. Quando há presença de refluxo ou alergias, o tratamento dessas condições também é essencial. Apenas nos casos em que o tratamento conservador falha e a disfonia persiste, a cirurgia para remoção de lesões pode ser considerada. As diretrizes ainda recomendam a continuidade da terapia vocal após qualquer cirurgia, para garantir a recuperação funcional.

Prevenção e cuidados com a voz

Manter uma boa higiene vocal é fundamental. Isso inclui moderar o uso vocal em ambientes ruidosos, fazer aquecimento vocal antes de longas jornadas de fala ou canto, hidratar-se adequadamente, evitar fumar e controlar o refluxo. Profissionais da voz podem beneficiar-se do acompanhamento fonoaudiológico periódico para prevenir lesões.

Conclusão

A disfonia compromete não apenas a voz, mas a comunicação e a qualidade de vida. Reconhecer quando a rouquidão é apenas momentânea ou quando é sinal de algo mais sério é o primeiro passo. Um otorrinolaringologista é o profissional certo para avaliar a causa, solicitar os exames necessários e indicar o melhor tratamento – seja clínico, fonoaudiológico ou cirúrgico. Cuidar da sua voz é cuidar da sua saúde como um todo.