Muita gente usa o termo labirintite para se referir a qualquer tontura ou sensação de desequilíbrio. Porém, esse é um equívoco bastante comum. A tontura pode ter diversas causas e nem sempre está relacionada à labirintite. Um dos sintomas mais relatados por pacientes é a vertigem, que consiste na sensação de que tudo ao redor está girando ou se movimentando. Embora estejam associados, labirintite e vertigem não significam a mesma coisa. Entender as diferenças entre os dois termos é essencial para buscar o diagnóstico correto e iniciar o tratamento adequado.

O que é labirintite?

A labirintite é uma inflamação do labirinto, estrutura localizada no ouvido interno que participa do equilíbrio e da audição. Essa inflamação pode ocorrer por infecções virais ou bacterianas, e geralmente está associada a sintomas como tontura intensa, perda auditiva temporária, zumbido no ouvido, náusea e até febre. É uma condição relativamente rara, mas pode causar grande impacto na qualidade de vida quando acontece.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia (ABORL-CCF), a labirintite deve sempre ser investigada por um médico otorrinolaringologista, pois pode estar relacionada a infecções mais sérias e exigir tratamento imediato, muitas vezes com antibióticos ou antivirais.

O que é vertigem?

A vertigem, por sua vez, não é uma doença, mas sim um sintoma. Trata-se da sensação ilusória de movimento, geralmente de rotação, que pode durar segundos, minutos ou até horas. Entre as causas mais comuns estão a vertigem posicional paroxística benigna (VPPB), as crises de doença de Ménière, problemas circulatórios, uso de determinados medicamentos e até distúrbios de ansiedade.

Ou seja, a vertigem pode ocorrer em quadros de labirintite, mas também em muitas outras condições que não têm relação com inflamação do labirinto. É justamente essa confusão que leva tantas pessoas a acreditarem que qualquer tontura seja “labirintite”.

Como diferenciar labirintite e vertigem?

A principal diferença está no fato de que a labirintite é uma doença específica, enquanto a vertigem é um sintoma que pode ter várias origens. Quando a tontura vem acompanhada de perda de audição, febre ou secreção no ouvido, há mais chances de se tratar de labirintite. Já crises curtas de vertigem desencadeadas por movimentos da cabeça, sem perda auditiva, sugerem outras causas, como a VPPB.

O diagnóstico diferencial só pode ser feito por meio de consulta médica, com exame físico detalhado e, se necessário, exames complementares como audiometria, videonistagmografia e exames de imagem.

Tratamentos disponíveis

O tratamento varia de acordo com a causa identificada. No caso da labirintite infecciosa, o médico pode prescrever antibióticos ou antivirais, além de medicações para aliviar os sintomas de tontura e náusea.

Já nos quadros de vertigem relacionados a problemas como a VPPB, podem ser indicadas manobras de reposicionamento, exercícios de reabilitação vestibular e medicamentos em casos selecionados. Na doença de Ménière, o controle da dieta (especialmente com redução de sal), o uso de diuréticos e o acompanhamento contínuo são medidas importantes.

Além disso, em muitas situações, a reabilitação vestibular é essencial para ajudar o cérebro a se adaptar às alterações de equilíbrio, reduzindo a frequência e intensidade das crises.

A importância de procurar o especialista

Por se tratar de sintomas que podem ter diversas origens, a automedicação não é recomendada. Somente o otorrinolaringologista pode investigar corretamente a causa da vertigem ou da suspeita de labirintite e indicar o tratamento adequado.

Ignorar ou minimizar a tontura pode levar a quedas, restrições no dia a dia e até atrasos no diagnóstico de doenças mais graves. Por isso, diante de sintomas persistentes, procure sempre avaliação médica.

Conclusão

Labirintite e vertigem são termos muitas vezes confundidos, mas que representam situações diferentes. Enquanto a labirintite é uma inflamação rara do ouvido interno, a vertigem é um sintoma comum, que pode ter múltiplas causas. Reconhecer essa diferença é essencial para buscar o cuidado adequado e preservar a qualidade de vida.

Se você tem crises de tontura, não deixe de procurar um otorrinolaringologista. O diagnóstico correto é o primeiro passo para controlar os sintomas e recuperar o equilíbrio.