A sinusite é uma condição bastante comum que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Trata-se da inflamação dos seios paranasais, que pode ser causada por infecções, alergias, desvio de septo ou até alterações anatômicas da face. Quando os sintomas duram pouco tempo, geralmente entre 10 e 14 dias, falamos em sinusite aguda. No entanto, quando a inflamação se prolonga por mais de 2 meses, mesmo com tratamento adequado, passa a ser considerada sinusite crônica. Essa forma persistente da doença interfere de maneira significativa na qualidade de vida, provocando sintomas contínuos e muitas vezes limitantes.
Sintomas da sinusite crônica
Os sintomas podem variar em intensidade, mas costumam envolver obstrução nasal constante ou dificuldade para respirar pelo nariz, secreção nasal espessa, dor ou pressão facial, especialmente ao redor dos olhos e da testa. Além disso, é comum a redução do olfato, tosse persistente e fadiga. Esses sinais, quando contínuos por semanas ou meses, impactam atividades do dia a dia e podem gerar complicações, como piora do sono e maior predisposição a crises respiratórias.
Tratamento clínico inicial
Antes de se considerar a cirurgia, o otorrinolaringologista geralmente adota medidas clínicas. Entre elas estão o uso de antibióticos em casos de infecção bacteriana, corticosteroides tópicos ou orais para reduzir a inflamação, lavagens nasais com solução salina para fluidificar secreções e o controle de fatores associados, como alergias respiratórias, pólipos nasais ou desvio de septo. Em muitos pacientes, esse tratamento clínico pode trazer alívio significativo, mas, quando não há melhora satisfatória mesmo após meses de acompanhamento, a cirurgia passa a ser cogitada como alternativa.
Quando a cirurgia é indicada
A cirurgia para sinusite crônica é recomendada especialmente quando os sintomas persistem por mais de 2 meses apesar do tratamento adequado. Também pode ser indicada na presença de pólipos nasais que dificultam a respiração, em infecções de repetição que comprometem a saúde, em alterações anatômicas que impedem a drenagem adequada dos seios paranasais ou ainda quando o paciente sofre perda expressiva de qualidade de vida, com dificuldade para dormir, trabalhar ou realizar atividades cotidianas.
A cirurgia endoscópica
O procedimento mais utilizado atualmente é a cirurgia endoscópica funcional dos seios paranasais, conhecida pela sigla FESS (Functional Endoscopic Sinus Surgery). Essa técnica minimamente invasiva é realizada com o auxílio de um endoscópio introduzido pelas narinas, sem necessidade de cortes externos. O objetivo é ampliar as vias de drenagem dos seios, remover pólipos e corrigir alterações anatômicas que dificultam a ventilação. Dessa forma, o ar passa a circular melhor e as secreções conseguem ser eliminadas de maneira adequada. A cirurgia é feita sob anestesia geral e, na maioria dos casos, a recuperação é relativamente rápida, embora exija alguns cuidados importantes.
Cuidados pós-operatórios
Após a intervenção, é comum que o médico recomende lavagens nasais frequentes com solução salina, a fim de manter a região limpa e favorecer a cicatrização. O repouso relativo nos primeiros dias é essencial, assim como evitar esforços físicos intensos nas semanas seguintes. Consultas de revisão também são fundamentais para limpeza, avaliação da cicatrização e acompanhamento da evolução do quadro. Além disso, manter o tratamento de doenças associadas, como rinite alérgica, pode evitar que o processo inflamatório volte a se instalar. O sucesso da cirurgia depende tanto da técnica utilizada quanto da adesão do paciente às orientações médicas no período pós-operatório.
Conclusão
A sinusite crônica vai além do simples incômodo de uma obstrução nasal. Ela pode prejudicar de forma significativa a qualidade de vida, afetando o sono, a disposição e o bem-estar diário. Embora o tratamento clínico seja sempre a primeira escolha, a cirurgia desempenha um papel fundamental nos casos em que as medidas convencionais não apresentam resultados satisfatórios. Por isso, buscar avaliação com um otorrinolaringologista é essencial para identificar a causa, determinar a melhor estratégia de tratamento e indicar o momento adequado para a cirurgia. Assim, é possível recuperar a qualidade de vida e voltar a respirar melhor.