Por que respiramos pelo nariz?
A respiração é um processo automático e essencial, mas a forma como ela acontece interfere diretamente no funcionamento do corpo. O ideal é que o ar entre pelo nariz, onde é filtrado, aquecido e umidificado antes de seguir para os pulmões. Quando isso não ocorre e a pessoa passa a respirar pela boca de forma habitual, uma série de alterações pode surgir, afetando o sono, a fala, a postura, o desenvolvimento facial e até a qualidade de vida. A respiração bucal é comum em crianças, mas também pode atingir adultos, e reconhecer seus impactos é fundamental para buscar o tratamento adequado.
Como começa a respiração bucal?
Esse hábito pode se iniciar por diversos motivos: obstruções nasais, alergias respiratórias, desvio de septo, hipertrofia das adenoides, pólipos ou infecções repetidas. Em muitos casos, mesmo após a melhora da obstrução, a pessoa mantém o padrão de respirar pela boca por adaptação. O fluxo de ar desviado impede que o nariz exerça sua função natural de filtro, facilitando irritações e infecções das vias aéreas.
Impactos no sono e no bem-estar
Um dos efeitos mais significativos da respiração bucal está no sono. Quem respira pela boca tende a roncar mais, tem maior chance de desenvolver apneia e pode acordar com sensação de cansaço. A oxigenação inadequada prejudica o descanso, afetando humor, concentração e produtividade. Em crianças, isso pode gerar irritabilidade, dificuldade escolar e redução da atenção, interferindo no desenvolvimento.
Consequências na saúde bucal
Respirar pela boca resseca a mucosa oral, favorecendo o acúmulo de bactérias e aumentando o risco de cáries, gengivite e mau hálito. Além disso, altera o posicionamento da língua, o que pode dificultar a mastigação e a deglutição. O sintoma mais comum é a sensação frequente de boca seca e lábios rachados, especialmente ao acordar.
Alterações na fala e no desenvolvimento facial
Em crianças, a respiração bucal pode provocar modificações na formação da face. O palato pode se tornar mais alto e estreito, a arcada dentária se desalinha, e surgem problemas como mordida aberta ou cruzada. A fala também pode ser afetada, com articulação prejudicada e voz mais anasalada. Por isso, quanto mais cedo ocorrer a intervenção, menores são as chances de sequelas permanentes.
Efeitos nas vias respiratórias
A respiração bucal enfraquece a defesa natural das vias aéreas, facilitando infecções, irritações e crises de rinite. O ar entra mais frio e seco, o que aumenta o risco de dor de garganta, tosse persistente e inflamações repetidas das amígdalas. Em pacientes com alergias, pode ser um sinal claro de controle inadequado da doença.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico deve ser realizado por um otorrinolaringologista, que pode investigar causas anatômicas, inflamatórias ou alérgicas. Exames como nasofibroscopia, tomografia e testes alérgicos ajudam a identificar o motivo da obstrução nasal e direcionar o tratamento.
Tratamentos mais indicados
O tratamento depende da causa. Quando o problema é inflamatório ou alérgico, podem ser usados antialérgicos, corticoides nasais e lavagem com soro fisiológico. Em casos de desvio de septo, adenoides aumentadas ou pólipos, pode ser necessária intervenção cirúrgica.
A terapia miofuncional, realizada por fonoaudiólogos, é essencial para crianças e adultos, pois ajuda a reeducar a respiração, corrigir a postura da língua e fortalecer os músculos faciais. O ortodontista também pode atuar quando existem alterações na arcada dentária. Em alguns casos, o acompanhamento com fisioterapeuta é indicado para corrigir postura corporal relacionada à respiração inadequada.
Restaurar a respiração nasal melhora a qualidade de vida
Respirar pelo nariz é fundamental para manter o equilíbrio do organismo. Quando a respiração bucal aparece como hábito contínuo, é um sinal de que algo precisa ser investigado. O tratamento adequado devolve conforto, melhora o sono, reduz infecções e promove saúde a longo prazo.