Dormir bem é essencial para o bom funcionamento do corpo e da mente. Durante o sono, o organismo realiza uma série de processos fundamentais, como a regeneração celular, o fortalecimento do sistema imunológico e a consolidação da memória. No entanto, nem sempre o descanso noturno ocorre da maneira adequada. Quando há sintomas como ronco frequente, pausas na respiração, sonolência excessiva durante o dia ou cansaço persistente mesmo após uma noite de sono, é importante investigar. Um dos exames mais indicados para esse tipo de avaliação é a polissonografia.

O que é a polissonografia

A polissonografia é um exame que analisa de forma detalhada o comportamento do corpo durante o sono. Por meio de sensores colocados na pele e no couro cabeludo, são monitoradas funções como a atividade cerebral, os movimentos oculares, a frequência cardíaca, a respiração, o nível de oxigênio no sangue e a movimentação dos músculos. Com esses dados, o médico consegue compreender se o paciente passa por todas as fases do sono de forma adequada e identificar possíveis interrupções no descanso.

O exame é considerado o padrão-ouro para o diagnóstico de distúrbios do sono, como apneia obstrutiva, insônia, ronco crônico, movimentos periódicos das pernas e transtornos respiratórios noturnos. A grande vantagem da polissonografia é sua capacidade de mostrar, com precisão, como o organismo reage durante o repouso, permitindo uma avaliação global da saúde do sono.

Quando o exame é indicado

A polissonografia é indicada sempre que há sinais de alteração na qualidade do sono. O ronco intenso e frequente é um dos principais motivos que levam à investigação, especialmente quando acompanhado de pausas respiratórias observadas por terceiros. Outros sintomas que podem justificar o exame incluem despertares frequentes durante a noite, sonolência excessiva ao longo do dia, irritabilidade, dificuldade de concentração, dores de cabeça matinais e sensação de sono não reparador.

Em crianças, o exame também pode ser indicado em casos de ronco, respiração bucal, sono agitado ou suspeita de apneia. A detecção precoce desses distúrbios é essencial para garantir o desenvolvimento adequado e prevenir complicações futuras.

Como é realizado o exame

A polissonografia é indolor e não invasiva. O paciente passa a noite em um quarto preparado para o exame, semelhante a um ambiente residencial, com iluminação controlada e temperatura agradável. Sensores são fixados na pele, e os sinais coletados são enviados a um computador que registra as informações ao longo da noite.

Existem dois principais tipos de exame: a polissonografia completa, feita em laboratório do sono, e a polissonografia domiciliar, realizada na casa do paciente com equipamentos portáteis. Ambas fornecem dados importantes, e a escolha entre elas depende da complexidade do caso e da recomendação médica.

O que o exame revela

Os resultados da polissonografia permitem avaliar a arquitetura do sono — ou seja, as diferentes fases pelas quais o corpo passa durante a noite  e identificar eventuais interrupções. Quando há apneia obstrutiva do sono, por exemplo, é possível verificar quantas vezes a respiração foi interrompida, por quanto tempo e qual o impacto dessas pausas na oxigenação do sangue.

Além disso, o exame ajuda a investigar casos de insônia crônica, movimentos involuntários das pernas, bruxismo noturno e até distúrbios neurológicos que interferem na qualidade do descanso. A partir dessas informações, o otorrinolaringologista ou o médico do sono define o diagnóstico e indica o tratamento mais adequado.

Tratamento e acompanhamento

O tratamento dos distúrbios do sono depende da causa identificada na polissonografia. Em casos de apneia leve, mudanças nos hábitos podem ser suficientes, como controlar o peso, evitar álcool e sedativos antes de dormir e manter uma boa higiene do sono. Para apneia moderada ou grave, pode ser indicado o uso de aparelhos de pressão positiva contínua (CPAP), que mantêm as vias aéreas abertas durante a noite.

Quando o problema está relacionado a alterações anatômicas, como desvio de septo, hipertrofia das amígdalas ou aumento dos cornetos nasais, o otorrinolaringologista pode sugerir tratamentos específicos ou cirurgias corretivas. O acompanhamento médico é essencial para garantir a eficácia do tratamento e melhorar a qualidade do sono.

Importância do diagnóstico precoce

Ignorar os sinais de distúrbios do sono pode trazer sérias consequências à saúde. A falta de oxigenação adequada durante a noite sobrecarrega o coração, favorece o desenvolvimento de hipertensão arterial, arritmias, diabetes e problemas de memória. Além disso, o sono insuficiente prejudica o humor, o desempenho cognitivo e aumenta o risco de acidentes.

Por isso, a polissonografia é uma ferramenta fundamental para identificar a origem dos sintomas e restaurar o equilíbrio do organismo. Dormir bem não é um luxo, é uma necessidade vital que impacta diretamente o bem-estar e a saúde geral.