A audição é um dos sentidos mais importantes para a comunicação e para a qualidade de vida. Alterações auditivas podem ocorrer em qualquer fase da vida, desde a infância até a terceira idade, e muitas vezes se instalam de forma silenciosa. Por isso, os exames de audição são fundamentais para identificar precocemente problemas, orientar o tratamento adequado e evitar complicações no desenvolvimento da fala, na aprendizagem e no convívio social.

A importância da avaliação auditiva

Muitas pessoas acreditam que só devem procurar o especialista quando já apresentam sintomas mais evidentes, como dificuldade para entender conversas ou necessidade de aumentar o volume da televisão. No entanto, a perda auditiva pode ser gradual e passar despercebida no início. Realizar exames de rotina permite detectar alterações sutis que, se não forem tratadas, tendem a se agravar.

Além disso, alguns quadros — como a surdez súbita — exigem diagnóstico imediato para que o tratamento tenha maiores chances de sucesso. Já em crianças, a avaliação auditiva é indispensável para garantir o desenvolvimento adequado da fala e da linguagem.

Exames de audição mais utilizados

Audiometria tonal e vocal

É o exame mais conhecido e solicitado pelos otorrinolaringologistas. Realizado em uma cabine acústica, avalia a capacidade do paciente de ouvir diferentes sons em variados volumes e frequências. Também pode incluir a audiometria vocal, que mede a compreensão da fala em diferentes intensidades. É indicado para investigar perdas auditivas leves, moderadas ou severas, além de acompanhar a evolução de quadros já diagnosticados.

Imitanciometria (ou impedanciometria)

Esse exame mede a mobilidade do tímpano e dos ossículos do ouvido médio. É especialmente útil para identificar problemas como acúmulo de secreção, otite média e disfunção da tuba auditiva. Também ajuda a avaliar o funcionamento do reflexo estapediano, relacionado à proteção do ouvido contra sons muito intensos.

Emissões otoacústicas (EOA)

Muito utilizadas em recém-nascidos, as emissões otoacústicas avaliam a resposta das células ciliadas externas da cóclea a estímulos sonoros. Trata-se de um exame rápido, indolor e fundamental para o chamado “teste da orelhinha”, obrigatório em maternidades brasileiras. Alterações nesse exame podem indicar risco de perda auditiva e necessidade de investigação mais detalhada.

Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico (BERA ou PEATE)

Esse exame analisa como o nervo auditivo e o tronco cerebral respondem a estímulos sonoros. É indicado para diagnosticar perdas auditivas neurossensoriais e investigar casos em que a audiometria não pode ser aplicada, como em bebês ou pessoas que não conseguem colaborar com o teste. Também é fundamental em suspeitas de alterações retrococleares, como tumores do nervo auditivo.

Teste de processamento auditivo central

Esse exame é mais específico e avalia como o cérebro interpreta os sons recebidos. É indicado quando o paciente relata dificuldade para compreender a fala, especialmente em ambientes ruidosos, mesmo apresentando uma audiometria normal. Alterações nesse processamento podem impactar no aprendizado e na comunicação.

Quando procurar o especialista?

A recomendação geral é que os exames auditivos façam parte da rotina de saúde, especialmente em grupos de risco. Crianças devem ser avaliadas já nos primeiros meses de vida, e qualquer atraso no desenvolvimento da fala deve ser investigado. Adultos que trabalham em ambientes ruidosos também precisam de acompanhamento regular, já que a exposição constante a sons altos é uma das principais causas de perda auditiva adquirida.

Nos idosos, a avaliação auditiva ajuda a identificar a presbiacusia, perda auditiva relacionada ao envelhecimento, que pode comprometer a qualidade de vida e até estar associada a quadros de isolamento social e declínio cognitivo.

Conclusão

Os exames de audição são ferramentas indispensáveis para diagnosticar precocemente alterações auditivas e garantir um tratamento eficaz. Eles variam desde testes simples, aplicados em consultório, até avaliações mais complexas, capazes de analisar o funcionamento das estruturas internas do ouvido e do sistema nervoso.

Se você sente dificuldade para ouvir, nota zumbido, dor ou já recebeu diagnóstico de otite ou outras condições, não espere os sintomas piorarem. Consultar o otorrinolaringologista e realizar os exames indicados é a melhor forma de preservar sua saúde auditiva e manter sua qualidade de vida.